16 agosto 2007

Caro esquartejamento!

Neste último ano, e por motivos profissionais, apercebi-me de uma situação perfeitamente escandalosa. O país está perfeitamente esquartejado em “quintas” que são Concelhos e que se dividem em pequenos “quintais” que são as Freguesias. As quintas e cada um desses quintais custam a todos nós uma quantidade de dinheiro perfeitamente evitável. Refiro-me especificamente à região Norte onde habito e trabalho.
Deixo aqui, e apenas como exemplo, o caso concreto do Concelho de Vizela que tem, no total 24 km2, ou seja o equivalente a um quadrado de 4,9 km de lado. Habitam aqui 22.595 portugueses dos quais 16.460 são eleitores. Em todo esse concelho há duas escolas com 2º e 3º ciclos do ensino básico e uma escola com ensino secundário. Há, obviamente, um Presidente da Câmara, um Vice-presidente e não sei quantos vereadores.

Esse pedacinho de Portugal está dividido em sete (7) freguesias.
Santa Eulália – 5,4 km2, equivalente a um quadrado com 2,3 km de lado. 3584 habitantes sendo 5200 eleitores
S. Miguel – 5,2 km2, equivalente a um quadrado com 2,3 km de lado. 6280 habitantes sendo 5022 eleitores
Santo Adrião – 3,5 km2, equivalente a um quadrado com 1,8 km de lado. 2460 habitantes sendo 1847 eleitores
S. Paio – 2,3 km2, equivalente a um quadrado com 1,5 km de lado. 1394 habitantes sendo 1152 eleitores
Tagilde – 2,7 km2, equivalente a um quadrado com 1,5 km de lado. 1777 habitantes sendo 1229 eleitores
Infias – 1,9 km2, equivalente a um quadrado de 1,4 km de lado. 1765 habitantes sendo 1441 eleitores
S. João – 2,9 km2, equivalente a um quadrado com 1,7 km de lado. 3719 habitantes sendo 3432 eleitores.

Todos estes “quintais” custam-nos mensalmente, uma renda do edifício da Junta de Freguesia bem como água, luz, telefone, Internet, etc. para a sua manutenção, o ordenado do Presidente da Junta bem como os ordenados de todos os funcionários dessa mesma Junta. Acrescente-se o edifício da Câmara Minicipal e tudo quanto a faz "mover", o ordenado do Presidente da Câmara, do Vice-presidente, dos vereadores e todos os funcionários que lá trabalham.

Considerando que isto se passa num Concelho da zona Norte e que todo o país está esquartejado desta maneira, no global estamos a falar de quantias astronómicas e de um número incontável de funcionários públicos.
Será que um país pequenino e pobre, como o nosso, precisa de ser transformado num puzzle com peças deste tamanho? Que interesses estão por trás desta situação?
Isto merecia ser investigado ao pormenor para que todos os portugueses pudessem saber o número de funcionários públicos que trabalham em cargos políticos, directa ou indirectamente. É que se fala muito do número excessivo de funcionários públicos e, certamente, em funções políticas, ou a ela ligadas, haverá muitos.
Era um serviço público que a comunicação social nos podia prestar.

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